seria o nosso fim é um livro impresso em preto sobre papel preto sobre como poderia ser o nosso fim.
A ideia do livro todo preto da mini surgiu em decorrência da época em que ele foi criado. Era janeiro de 2017, as perspectivas para a sociedade não era das melhores e o tema da Feira Plana era o fim do mundo. Eu quis, então, criar um livro que representasse esse luto.
Fui em busca então de encontrar o preto mais preto dentre as minhas possibilidades. No entanto, o papel preto mais comum no mercado é o Color Plus Los Angeles e me chamou atenção o fato de ele parecer totalmente preto em relação às outras tonalidades de papéis, mas pouco preto quando comparado a uma tinta preta ou outra referência de preto mais absoluta. Me veio então a ideia de imprimir com o preto da minha impressora jato de tinta sobre a referência de papel preto, que no fim das contas se mostrou não ser tão preto assim.
Assim, o que é mais preto no livro é tinta impressa e o que é mais claro — textos e imagens — é o papel. A costura, como não poderia deixar de ser, é feita manualmente com linha preta.
Durante o processo de criação do projeto gráfico, um título apocalíptico surgiu na minha cabeça: seria o nosso fim. A poesia, no entanto, não veio tão naturalmente e eu acabei recorrendo ao meu parceiro de todas as horas e criações Pedro Botton.
O Pedro logo entendeu a ideia, e partindo do meu título e das suas referências de ficção científica, escreveu um poema sobre o que aconteceria se um dia o sol se apagasse. Desse mote, surgiu imediatamente a solução gráfica da ilustração que acompanha o texto, o eclipse que vai acontecendo ao longo das páginas do livro, e nos ajudou na escolha tipográfica da fonte de nome poético: a FF Celeste, de Chris Burke.
seria o nosso fim
seria o nosso fim
se o sol se fosse
disse ao ler no site
que a luz do sol se foi
mas o calor do sol seguiu
o frio não veio
cada vez sumia uma luz
antes das estrelas por perto
depois das mais distantes
a vida aqui seguiu
só que sem a luz do sol
a lua sumiu
mas diz que hoje ela vem
cobrir o que sobrou do sol
mais preto que o céu
escuro liso de estrela
o eclipse mal começou
e aquela rocha clara
mais preta que o céu
diante do que era o sol
se não fosse um novo começo
seria o nosso fim
texto | pedro botton |
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projeto gráfico | hannah uesugi & pedro botton |
fonte | celeste |
formato fechado | 14 x 20 cm |
impressão | jato de tinta 1 x 1 cor |
papel | color plus los angeles 120 g/m² |
páginas | 44 |
tiragem | impressão sob demanda |
ano | 2017 |